Setembro de 2022
Bogotá DC
Nos dias 20 e 21 de setembro, no âmbito da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), realizou-se o I Fórum Ibero-Americano sobre Diversidade e Interculturalidade nas Políticas e Planos de Leitura. O evento, organizado pelo Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe (Cerlalc), em parceria com o Ministério da Educação Nacional da Colômbia (MEN) e a Universidade Jorge Tadeo Lozano, foi realizado em formato híbrido, de forma presencial, no Auditório do Hemiciclo da universidade, e com transmissão virtual simultânea pelas plataformas Youtube e Facebook.
O fórum foi desenvolvido como parte do trabalho conjunto estabelecido entre o Cerlalc e o Ministério da Educação da Colômbia para a execução do Plano Nacional de Leitura, Escrita e Oralidade, e em linha com o objetivo missionário do Cerlalc de fornecer orientações sobre questões de importância estratégia para a formulação e desenvolvimento de planos e políticas públicas na área de leitura e bibliotecas. Nesse sentido, e tendo em vista a significativa presença da população com pertencimento indígena na América Latina e no Caribe, dos objetivos centrais do evento foi promover a discussão e a reflexão regional sobre a necessidade de que os planos e políticas de leitura, escrita e oralidade dos países ibero-americanos incluam como prioridade essas populações, suas características e necessidades, no exercício de seus direitos como cidadãos do mundo.
O evento contou com a presença de mais de 30 especialistas, incluindo representantes de planos de leitura e sistemas bibliotecários, pesquisadores, especialistas em educação, leitura e inclusão, contadores de histórias e criadores de comunidades indígenas e afrodescendentes, editores e representantes da indústria editorial. Entre os palestrantes se destacam; Álvaro Pop, especialista guatemalteco em direitos dos povos indígenas, e que fez o discurso inaugural do fórum; Jon Landaburu, especialista em línguas indígenas e criador da Lei das Línguas Nativas na Colômbia; Mary Grueso, educadora e escritora afrodescendente; Yana Lema, jornalista, escritora e poeta equatoriana, e Cristián Bravo Araya, do Escritório Regional de Educação para a América Latina e o Caribe, UNESCO, que proferiram uma palestra intitulada Racismo e preconceito em materiais educativos: educação para a cidadania global e a paz.
O encontro teve alcance de 9.632 pessoas conectadas virtualmente nas plataformas de transmissão Facebook e YouTube, tanto do Cerlalc quanto da Universidade Jorge Tadeo Lozano.
A primeira das conversas desenvolvidas durante o fórum foi Repertórios culturais, educativos e políticos: experiências educativas e culturais a partir do reconhecimento das línguas, em que participaram as especialistas: Alejandra Pacheco, gerente do Plano Nacional de Leitura, Escrita e Oralidade do Ministério da Educação Nacional da Colômbia; Mercy Murillo, autora do livro Del Pío; Jon Landaburu, criador da Lei das Línguas Nativas na Colômbia, e Silvia Castrillón, bibliotecária, escritora e especialista em literatura infantil e juvenil.
Em seguida, realizou-se a discussão Desafios da diversidade e interculturalidade nas políticas públicas, da qual participou María Isabel Mena, pesquisadora especialista em etnoeducação e comunidades afrodescendentes da Colômbia, com a participação de Farides Margarita Pitre Redondo, assessora do gabinete do Ministro da Educação Nacional da Colômbia; José Bessa Freire, especialista em línguas indígenas do Brasil, que aderiu virtualmente, assim como Agustín Panizo Jansana, especialista em línguas indígenas e interculturalidade do Peru. Esta palestra foi moderada por Danit Torres, especialista em educação intercultural, e focou em uma questão chave: Como, em um contexto como a América Latina, podemos entender a educação intercultural bilíngue?
Mais tarde foi a vez da conversa Oralituras, narrativas orais, da qual participou Hugo Jamioy, poeta indígena da Colômbia, que iniciou sua fala com uma saudação na língua indígena; Miguel Rocha Vivas, pesquisador de oralidades e literaturas indígenas colombianas; Luis Barragán, doutorando em Estudos Sociais na Universidade Jorge Tadeo Lozano; e Camilo Vargas Pardo, professor da Universidade Nacional da Colômbia, que participou remotamente de La Paz, Cesar, Colômbia. A palestra foi orientada por Adriana Campos Umbarila, professora e pesquisadora do Instituto Caro y Cuervo.
O segundo dia do fórum começou com a discussão intitulada Narrar, escrever, contar e publicar: realidades e desafios na voz das comunidades, que contou com a participação de Mary Grueso, escritora, poetisa e contista afro-colombiana; Nicolás Morales Thomas, diretor editorial da Pontificia Universidad Javeriana; Ana Julia Mora, gerente da área de educação da Editora Planeta; e Yana Lucila Lema, jornalista, escritora, poetisa e tradutora, que se conectou remotamente do Equador. Andrés Ossa, diretor do CERLALC-UNESCO, foi o moderador. A palestra teve um momento muito especial, a interpretação do poema “Las palabras” de Mary Grueso, declamado pela própria, e que foi gravado em vídeo por um dos participantes.
Posteriormente, houve o debate intitulado Pensando a interculturalidade e promovendo as línguas nativas da indústria editorial: reptos e desafios, com a participação de Luz Stella Malpica, da editora independente Tagigo da Colômbia; Emiro Aristizábal Álvarez, presidente da Câmara Colombiana do Livro da Colômbia; Juan Pablo Mojica, editor de livros infantis e consultor do projeto Territórios Narrados na Colômbia; e Ana Pavez, da Editora Amanuta, do Chile, que o fez virtualmente. A reunião foi moderada por José Diego González Mendoza, Gerente de Produção e Circulação de Livros do CERLALC-UNESCO. A palestra começou com uma fala emocionada de Luz Estella Malpica, em que contou como uma série de fatores pessoais e familiares a motivaram a criar sua própria editora independente para contribuir com o desenvolvimento da abordagem intercultural na educação e na produção editorial. Nesta conversa, os participantes contribuíram com importantes reflexões sobre os desafios para a produção e divulgação de materiais com foco étnico, bem como para a consolidação de uma oferta desse tipo de conteúdo na nossa região.
Finalmente, a sexta e última discussão foi Preservar, promover e divulgar as línguas indígenas, uma prioridade para a identidade latino-americana: ações e apostas atuais no marco da Década das Línguas Indígenas a partir dos planos de leitura. Contou com a participação de Sandra Suescún, coordenadora da Rede Nacional de Bibliotecas do Ministério da Cultura da Colômbia; Stephanie Dominique Martineau, diretora de Fomento à Leitura da Presidência da República do México, e Karla Eliessetch, coordenadora do Plano Nacional de Leitura do Ministério das Culturas do Chile, estas duas últimas se uniram virtualmente desde seus países de origem. A palestra foi moderada por Istar Jimena Gómez Pereria, coordenadora técnica do convênio MEN-CERLALC-UNESCO. A palestra final centrou-se nas ações que as diferentes entidades têm desenvolvido em busca do reconhecimento, fortalecimento e disseminação das línguas e expressões culturais dos povos indígenas e afrodescendentes em seus países.
O I Fórum Ibero-Americano sobre Diversidade e Interculturalidade nas Políticas e Planos de Leitura permitiu a especialistas refletir e dialogar entre múltiplos atores, tanto nacionais como regionais, sobre diversos temas que contribuem para a transformação cultural, educacional e política das sociedades atuais.
Sobre o Cerlalc: O Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe é uma organização intergovernamental sob os auspícios da UNESCO, com escritório na Colômbia. Trabalha para criar condições para o desenvolvimento de sociedades de leitura.